textos


daniela avellar
em dessa vez, o tempo não vai fazer as pazes com a mão

“a língua e a leitura implicam, necessariamente, movimentos de subordinação, de apropriação e reinvenção. mas principalmente, referem-se a um domínio sempre outro, lugar impossível de galgar de forma plena, permanecendo sempre uma bruma - aquilo que fitamos tentando pescar algum vestígio de sentido ao longe.” 
“a ação conjunta perfura o tempo, é capaz de performar verdades fundamentalmente ficcionais ainda que por segundos. e que de tão frágeis desvanecem muito rápido. pois o verdadeiro verdadeiro só toma alguma consistência em uma duvidosa busca para longe das coisas reais ou através da intenção de um mergulho profundo à procura de um sentido (será sempre uno, indivisível).
a experiência se mirada nessa incursão descobre lastro importante: ver que fundo não é destino, tampouco parada ou ponto concluso. o que se assenta é força motriz produtora de algum movimento, para mais longe e fora da raia, quando a busca desliza para além da língua; ou um cair para dentro, tomá-la como um barco malogrado e seus encantos."