tiago gualberto
O imprevisível como exercício curatorial
co-escrito com Camila Fontenele

De mão em mão (1995-2024), de Amauri, também me faz pensar em nossas redes de afetos como espaços legítimos para a criação e experiência da arte. Nesses casos, estar em rede é um tema de celebração, promotor de saúde, memória e uma alternativa às forças de exclusão social, cultural e política também presentes no circuito das artes. O mutirão para a construção do lar, trazido por Amauri em seu vídeo, por exemplo, também fortalece um poderoso tema: a construção do lar, mais especificamente, o trabalho de construção. Tijolos, areia, cimento, tubulações. Materiais habituais do labor na construção civil têm seus significados multiplicados e exponencialmente complexificados. O que não quer dizer que essas aproximações se deem devido ao compartilhamento das mesmas técnicas, linguagens ou do uso literal desses utensílios. Ao contrário, o encontro entre essas poéticas se dá na comunhão conceitual capaz de reivindicar a merecida dignidade daqueles que passam suas vidas na busca por um lar, um teto para descansar, um lugar para amar e serem livres. [...]”